sábado, 10 de novembro de 2012

Nós dois


Já sonhei nosso caso de amor
E no dia seguinte esperei
Entre o espelho e a janela
Retoquei o batom
E nada de você
Nem sombra de você

Já pensei
Desisti de pensar
E falei de você
Falei demais
Murmurei
Aquela canção
Que só eu sei
Diz sobre nós dois

Fico tentando adivinhar
O que somos afinal
Faísca ou estopim
Apenas bons amigos
Ou um poema novo
No papel antigo

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A vontade é de escrever-te todos os poemas
Até a tua desaparição é um triunfo
Como não querer ofertar-te todas as honras?
Quando te vais nos deixa ainda sob teus efeitos
Emudecidos e esperando que algo aconteça...
Afinal o que és?
Um Deus austero que nos castiga às vezes quando te escondes?
Ou bondoso que  nos põe em comunhão para contemplar-te?
Ou serás satã ardendo em fogo?
Despertando o egoísmo dos que acham que podem possuir-te
Para num capricho dar-te a pessoa amada
Ah se eu pudesse tomar um barco
E alcançar-te bem aí onde te deitas...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Relógio

Caminhando em círculos
Os ponteiros impassíveis
Com seus ruídos discretos
Seguem incessantes
Lembrando a todo instante
Está passando!
Está passando!

Caminhando em círculos
Os ponteiros impassíveis
Com seus ruídos discretos
Seguem incessantes
Lembrando a todo instante
Está chegando!
Está chegando!

                        Maio/2006

terça-feira, 22 de maio de 2012

Primeiro Verão


E despontou no horizonte
Diferente de todas as manhãs
Chegou veloz como se tivesse feito
Algum movimento
Só para cruzar mais rápido
A linha do equador
E alcançar um pedaço
Entre coração e pensamento
Sem avisar trouxe um calor
Que aqueceu os mares
E desabrochou as flores
Começava mais cedo
O primeiro verão

sábado, 5 de maio de 2012

Adeus

Se os vivos dizem adeus
E a paisagem a vista se desmancha
Que fazer quando, insone,
O passado quer erguer monumento
E o que nem veio quer pedir alento no coração?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ela


Ela chegou de Vênus, saiu de órbita
Caiu em tua porta, colorida
E como de costume observaste
Com o teu olho mágico que vê em parte

Enquanto ela brilhava distraída
Julgavas saber tudo sobre os astros
Mas não sabias nada sobre ela
Inevitavelmente gravitavas

Cantaste tuas conquistas sobre-humanas
Numerosas idéias, emolduradas
Exibiste orgulhoso fotografias
Em sépia ou desbotadas, história pálida

Ela chegou de Vênus, colorida
Tirando-te do centro, distraída
E transformou tua coleção de espelhos
Em um caleidoscópio imaginário