Nos últimos tempos tenho me aventurado em
outras experimentações poéticas, e mergulhado em uma estética do riso, do
lúdico, do corpo brinquedo. Tudo que havia ficado inerte no passado como coisa
de menina, tudo que havia sido oprimido pela vida de gente grande, pelo
conteudismo e devotamento a atividades
intelectuais, agora volta fazendo
cosquinhas no corpo.
Não calo, é verdade, mas tenho adoração
por brinquedos de palavras e ontem estive com Clarice e suas encantarias
literárias...
Inundada por esses encontros, essas
paixões alegres, cá estou: cirandeira, brincante, poeta, artista, fluida,
intensamente feliz, lançando canções no mundo, aprendendo a desinventar o medo
do ridículo, a transformar em sorrisos os olhares desconfiados ou inquisidores.
Nessas minhas aventuras e mergulhos fiz
uma grande descoberta: brincar é tão fundamental para a transformação do mundo
quanto qualquer militância e luta. É um genuíno exercício de liberdade e de invento, que escorrega a qualquer captura.
Hoje não creio mais em nenhuma revolução, mesmo
as cotidianas, que não passe pelo brincar.
"Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria
Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria"